arTeira trakkinna

domingo, 30 de dezembro de 2012

Que venha 2013, mas traga consigo a revisão de atitudes e a potencialização das coisas boas em detrimento das ruins.

Tudo que eu falar aqui sobre desejos para a entrada do ano que se anuncia será lugar comum. Por isso vou falar o que penso sobre uma passagem de ano. Vejo-a como mais um evento festivo, como qualquer outro que busca legitimar o consumismo desenfreado, que gera lucros para alguns e muitas dívidas para a grande maioria.

O Natal, cuja homenagem deveria ser para Jesus Cristo, é feito de ornamentações no estilo dos países onde há neve, enfeites produzidos por chineses em condição de trabalho escravo, muitas vezes crianças, muitas compras, comilança, bebidas e um amontoado de familiares que, em alguns casos, passam o ano inteiro em atrito, se juntam para se confraternizar. Assim é também com as empresas. Há pessoas que não se toleram. Abraçam-se, beijam-se, trocam presentes e no outro dia tá tudo do mesmo jeito.
Mas só o Natal é pouco. É preciso vender mais, consumir mais e ai? Oito dias depois, vem a passagem de ano.

Se esses momentos não servirem para uma parada, uma freada no modo de vida atual, com perspectivas de mudanças então terá sido só mais valia, pura e simplesmente.

Nesse sentido acho que esse rito de passagem deveria ser feito em todos os dias de nossas vidas: o que tenho feito de bom e de ruim para minha vida, para a vida do meu próximo, para o planeta? Como anda minha consciência?O que preciso fazer para me redimir das coisas ruins e potencializar as coisas boas?

Augusto Cury em seu mais recente livro "O Código da Inteligência" nos conduz, nos ensina a libertarmos e expandirmos nossa criatividade, a termos uma melhor saúde psíquica, a pensarmos e sermos excelentes profissionais. De maneira simples, decifrando os códigos da inteligência, quais sejam: Eu como gestor(a) de meu intelecto, Pensar nas consequências dos meus comportamentos ( autocritica), Capacidade de sobreviver as intempéries da existência ( resiliência), Altruísmo ( capacidade de se
colocar no lugar do outro), Debate de idéias, Carisma, Intuição criativa e Eu como gestor (a) da emoção.

Se queremos um ano novo bom, de fato, devemos rever e mudar nossas atitudes, cuidar de nossa saúde física e psíquica, praticar esportes, cuidar dos nossos irmãos mais desprotegidos, ter mais comunhão com Deus, melhorar nossa conduta frente ao planeta Terra, colocar um freio no consumismo, estudar, ler, ouvir música de qualidade, ver bons filmes, consolidar as amizades, enfim, buscar pensar antes de qualquer atitude: o que vou fazer vai ferir a mim, de alguma maneira? Se a resposta for sim, desista. O que vou fazer vai ferir o/a outro/a? Se for sim, desista. O que estou fazendo tá destruindo o futuro das próximas gerações. Se sim, desista.
E, "para não dizerem que não falei das flores" Feliz 2013. Com muita atitude.
Graça e Paz em nome de Deus para todos e todas, em nome de Jesus Cristo.


Sejamos melhores do que ontem e que amanhã possamos ser melhores ainda.

sábado, 17 de novembro de 2012

SEXUALIDADE: Para muitos o prazer ainda é desconhecido

"Para o sexo existem varias formas, para o amor dois ou mais corpos, para o orgasmo alguns segundos e para o clima alguns minutos, mas o prazer não é fácil... Satisfazer o prazer não é algo que se mede numa grande performance ou em momentos certos e técnicas orientais... O prazer vem do que vem depois... A confiança... O desejo... A cumplicidade... O segredo e a liberdade de romper qualquer coisa... O prazer é a grande gana humana, mas se encontra perdido em medidas e receitas complicadíssimas quando é apenas confiar nos sentimentos e depois se entregar as sensações... Para muitos o prazer ainda é desconhecido!"

50 tons de cinza
50 tons escuros
50 tons de liberdade
Viver é ultrapassar barreiras

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Educação: Inserção das TIC(s) na escola

Inserção das TIC(s) na escola
Vivemos numa sociedade em que os sujeitos sociais ainda não estabeleceram uma relação satisfatória com os livros, tanto os didáticos quanto os literários. Em especial aqui no Brasil.
Temos ainda um grande número de analfabetos, assim como também os analfabetos funcionais. Àqueles que decodificam os códigos linguísticos, mas não conseguem abstrair os significados do texto.
Ou seja, as relações contraditórias estabelecidas entre livro didático e o de cunho literário com a sociedade têm instigado investigações variadas, por meio das quais é possível identificar a importância desse instrumento de comunicação, de produção e transmissão de conhecimento, integrante da "tradição escolar" há, pelo menos, dois séculos. Mas que seu uso é ainda muito superficial.
É inegável a importância deste instrumento para o desenvolvimento de qualquer sociedade, mas há muito ainda que se fazer no sentido de torná-lo mais efetivo tanto dentro quanto fora da Escola. Em outras palavras este é um dilema ainda a ser resolvido na sociedade contemporânea.
Segundo BITTENCOURT, 2004, “As pesquisas e reflexões sobre o livro didático permitem apreendê-lo em sua complexidade. Apesar de ser um objeto bastante familiar e de fácil identificação, é praticamente impossível defini-lo. Pode-se constatar que o livro didático assume ou pode assumir funções diferentes, dependendo das condições, do lugar e do momento em que é produzido e utilizado nas diferentes situações escolares. Por ser um objeto de "múltiplas facetas", o livro didático é pesquisado enquanto produto cultural; como mercadoria ligada ao mundo editorial e dentro da lógica de mercado capitalista; como suporte de conhecimentos e de métodos de ensino das diversas disciplinas e matérias escolares; e, ainda, como veículo de valores, ideológicos ou culturais”.
Assim é também com a TV e outros instrumentos que chegam à Escola. O mundo avança, mas parece que ela não acompanha estas mudanças.
E o que dizer quando se tem clareza disto, mas se sabe que o sujeito contemporâneo, do ponto de vista cultural, histórico, antropológico, etc., pertence a um novo o modelo de sociedade?
O sujeito de hoje pertence a uma sociedade que, na essência, não tem muita preocupação com o livro porque ele possui todo um aparato tecnológico que prescinde da comunicação e da informação.
Enquanto em décadas passadas levava-se meses e até um ano para se ter uma informação de algo acontecido num outro estado ou mesmo num outro país, hoje se acompanha as informações em tempo real. A exemplo da derrubada das torres gêmeas, nos Estados Unidos da América.
Por outro lado o mundo se move pelas tecnologias, inclusive as sociais. Os aparelhos domésticos fabricados para este sujeito são computadorizados, da TV ao micro-ondas. Se paga contas, fazem-se compras e até se namora (virtualmente) sem se sair de casa.
Entretanto, assim como no caso dos livros e de outros aparatos, o uso das mídias na Escola ainda é muito incipiente. As instituições educativas parecem caminhar a passos de tartaruga no que diz respeito ao uso das TICS na sala de aula. Enquanto isto os alunos vão ficando cada vez mais desmotivados, pois a Escola se apresenta para eles como algo ultrapassado, distante de sua realidade.
Os alunos estão cada vez mais próximos dos computadores e de seus diversos usos. Relacionam-se com outros pelas redes sociais, jogam, se divertem e por ai afora e o que é mais agravante é que muitas vezes conhecem o que há de pior quando navegam na internet, pois hes faltam orientações sobre usos mais positivos deste recurso para sua própria formação como cidadãos.
Fala-se muito em inclusão digital, mas falta muito para que esta aconteça, pois não é só criar laboratórios de informática que garante esta inclusão. É preciso pensar em inclusão como um todo.
O (a) professor (a), em especial, também necessita de uma política de inclusão digital.
Antes de tudo é preciso que ele/ela esteja preparado (a) para o uso das tecnologias da comunicação e da informação, saber fazer uso de Software de navegação, saber fazer downloads, conhecer portais interessantes, etc., para poder se instrumentalizar para usar esses e outros recursos como pontos de partida para a elaboração de estratégias motivacionais e propiciadoras de aprendizagens. Incluindo também o uso do próprio livro, anteriormente falado, agora num contexto digital, nesta realidade educacional.Para isto será necessário que a Escola compreenda o novo modelo de sociedade e o sujeito que nela está inserido, a partir de políticas de formação bem planejadas, com objetivos claros, para que haja quebra e paradigmas, que se saia da concepção de ensino e aprendizagem que pressupõe sujeitos/aprendizes passivos e professores detentores do saber. Portanto inatingíveis.
Somente assim começaremos a pensar de forma Tecnodemocrática.
É por estas e outras razões que é preciso usar a tecnologia na escola?
Referência:
BITTENCOURT, Circe Maria Fernandes. EM FOCO: HISTÓRIA, PRODUÇÃO E MEMÓRIA DO LIVRO DIDÁTICO.Educação e Pesquisa. Print version ISSN 1517-9702. Educ. Pesqui. vol.30 no.3 São Paulo Sept./Dec. 2004
http://dx.doi.org/10.1590/S1517-97022004000300007

domingo, 11 de novembro de 2012

COMPORTAMENTO HUMANO:FOBIA SOCIAL COMO FATOR DE INTERFERÊNCIA NO DESEMPENHO ACADÊMICO: Uma revisão

CAEEC- Centro Avançado De Ensino Educação e Cultura/ (FURNE)
MESTRADO/DUTORADO: PSICANÁLISE NA EDUCAÇÃO E SAÚDE
COMPONENTE CURRICULAR: PSICOPATLOGIAS PROFISSIONAL
CARGA HORÁRIA; 150 h
MINISTRANTE: Dr.ª SHIRLEY
MESTRANDAS: Ana Lucia de Souza Silva
Clarice Souza de Albuquerque
Karina Lídia Menezes


ARTIGO CIENTÍFICO






FOBIA SOCIAL COMO FATOR DE INTERFERÊNCIA NO DESEMPENHO ACADÊMICO: Uma revisão



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REVISÃO DA LITERATURA
FOBIA SOCIAL COMO FATOR DE INTERFERÊNCIA NO DESEMPENHO ACADÊMICO: Uma revisão
Ana Lucia de Souza Silva¹, Clarice Souza de Albuquerque², Karina Lídia Menezes
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Resumo: O objetivo deste artigo foi fazer uma revisão literária acerca da correlação entre fobia social e desempenho acadêmico na Educação Básica Brasileira. Ou seja, se esta psicopatologia interfere ou não no desempenho acadêmico O estudo se deu através de busca no site acadêmico www.scielo.org. Não foram encontrados muitos artigos em relação ao tema em análise, apenas alguns mais pontuais, mas naqueles revisados percebe-se a interferência de maneira negativa da fobia social no desempenho acadêmico, especialmente nas atividades em que as interações com o/a outro (a)s aluno (a)s eram imprescindíveis. Antes da revisão achamos importante nos situar em relação à diferenciação entre timidez e fobia social. Também consideramos importante rever o conceito de fobia para a psicanálise, como base para a compreensão da fobia social, atualmente denominada TAS (Transtornos de Ansiedade Social). Depois contextualizamos as mudanças de nomenclatura conforme novas edições do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentas (DSM). Também fizemos um recorte acerca do Sistema Acadêmico Brasileiro visando esquematizar os níveis, bem como compreender a proposta de Ensino e Aprendizagem, para podermos analisar com mais consistência os estudos revisados.

Palavras-chave: fobia social; interferência; desempenho acadêmico; crianças; adolescentes; Brasil.

Abstract: The objetive of this article is to review the literature about the correlation between academic performance and social phobia in Brazilian Basic Education. That is, if this psychopathology interfered with academic performance. The study was through between of www.scielo.org, an academic site. We have not found many articles on the topic under consideration, only a few more punctual, but those revised notices the interference of negative way of social phobia in academic performance, especially in activities where interactions with another students were essential. Before we review important place ourselves in relation to the differentiation between shyness and social phobia. We also consider important to review the concept of phobia for psychoanalysis as a basis for understanding social phobia, currently known as SAD (Social Anxiety Disorder). After naming contextualized changes as new editions of the Diagnostic and Statistical Manual of Mental MINTS (DSM). We also made a clipping about the Brazilian System Academic aiming lay levels and to understand the proposal for Teaching and Learning, so we can analyze more consistency with studies reviewed.

Key-words: social phobia; interference; academic performance, children, adolescents, Brazil

I-INTRODUÇÃO
O que são timidez e fobia social? Existe diferença entre a timidez e a fobia social?
Porque às vezes é tão difícil falar? É tão difícil agir?
Será que a Escola preocupa-se em entender o que está por trás da timidez e da fobia social?
Como ambos os conceitos podem interferir no desempenho acadêmico de alunos em diversos níveis de escolaridade?
Às vezes a timidez ou a fobia social roubam a cena. Tudo o que estava planejado, pensado e repensado não ultrapassam a garganta e todo um projeto se desfaz em fração de segundos.
A poetisa Cecília Meireles em seu poema “Timidez” parece falar sobre um amor que não se consuma pelo silêncio, pela não revelação dos reais sentimentos. Como o título sugere nada demonstra em função da timidez. Esperando que o alvo de sua paixão descubra por si mesmo o sentimento que sente por ele. Há novamente uma evocação ao poder das palavras (que, no caso dos amantes, serviria para consumar o amor entre os dois). Novamente por sugestão do título e do decorrer do poema, a timidez do eu poético se mantém em silêncio, parece que este amor não triunfará. E enquanto nada acontece, observamos o passar do tempo quase um lamento da autora:

“E, enquanto não me descobres,
os mundos vão navegando
nos ares certos do tempo,
até não se sabe quando...

E um dia me acabarei”.
(recorte do poema Timidez, Cecília Meireles).
Um final que sugere a desesperança de esperar em vão.
TIMIDEZ
A Psicologia define timidez como um padrão de comportamento humano caracterizado pela inibição em determinadas situações. Há pessoas que se sentem constrangidas na sala de aula, mas são desenvoltas em casa ou em eventos com os amigos mais próximos. Mas, quando se sabe que se é ou está tímido (a)?
Pelo próprio corpo! A inibição pode ser acompanhada de alterações fisiológicas, como aceleração da respiração e dos batimentos cardíacos.
Nas situações de timidez, a pessoa sofre uma espécie de bloqueio e pode não conseguir exprimir seus pensamentos e sentimentos.
A timidez pode ser classificada como crônica ou situacional. Na primeira a pessoa experimenta dificuldade em praticamente todas as áreas do convívio social. Ela não consegue, como por exemplo: paquerar, falar com estranhos, fazer amigos, falar em público, enfim, tem dificuldades generalizadas. Já na situacional, a inibição se manifesta em ocasiões específicas e, portanto, a dificuldade é apenas em algumas áreas do convívio social, como: falar em público, passar por uma entrevista de trabalho, entre outras. A timidez pode avançar e tornar-se uma patologia, no caso à fobia social.
FOBIA
Entender o conceito de Fobia Social remete primeiramente a compreensão do que seja FOBIA, o que para (Roudinesco and Plon, 1998, p. 243), este conceito está relacionado ao termo derivado do grego Phobos (sufixo que, na língua francesa, designa pavor de um sujeito em relação a um objeto, um ser vivo ou uma situação).
Para (Atcheson, 2008, p. 173) fobia é um medo persistente e irracional de uma atividade, objeto ou situação que resulta numa compulsão para evitar o objeto, atividade ou situação temida, ou qualquer reminiscente.
A psicanálise, na visão de (Roudinesco and Plon, 1998, p. 243) considera que a fobia é uma histeria de angustia. Termo usado na literatura psicanalítica por Wilhelm Stekel em 1908 e retomado posteriormente por Sigmund Freud. A histeria de angustia é uma neurose de tipo histérico, que converte uma angustia num terror imotivado frente a um objeto, um ser vivo, ou uma situação que não apresenta em si nenhum perigo real.
A partir dos postulados de Stekel acerca dessa neurose, Freud começa a vislumbrar a sexualidade como o centro do sintoma fóbico e também dos demais distúrbios neuróticos ou psicóticos, porém, mais particularmente na neurose obsessiva e na neurose de angústia ou neurose atual. Esta análise se deu em função da observação à conversão da angustia em terror nos pacientes que praticavam continência e outros que se mostravam fanáticos com a limpeza porque tinham horror as coisas da sexualidade.
Entre os sucessores de Freud, a palavra fobia tende a se superpor a ideia de histeria de angustia, chegando ao desaparecimento dessa expressão.
Melanie Klein integrou-a na posição esquizo-paranóide, enquanto Anna Freud encarou como neurose de transferência, na qual o objeto fobogeno torna-se símbolo de todos os perigos ligados à sexualidade, sendo preciso repeli-lo através dos mecanismos de defesa.
Para a teoria clássica (Freud e Anna Freud) a claustrofobia, medo de lugares fechados, deveria ser interpretada como o desejo e o medo da masturbação e a agorafobia, medo de lugares ou situações onde o escape seja difícil ou embaraçoso, caso se tenha uma crise de pânico ou mal esta, como a expressão de uma fantasia de prostituição, etc. Enquanto na ótica Kleniana a claustrofobia seria um desejo de escapar a proteção sufocante do “bom objeto”, e agorafobia ao desejo de fugir de um mundo povoado de “maus objetos”.
Jacques Lacan foi o único autor a desenvolver uma concepção estrutural da fobia. Ele interpretou que o objeto da fobia seria um significante, ou seja, um elemento significativo da histeria do sujeito que viria mascarar sua angustia fundamental. Para preencher algo que não pode resolver-se no nível da angustia intolerável do sujeito, este não tem outro recurso senão criar para si mesmo um “tigre de papel”.
Desta maneira ele comparou esse significante a “brasões da fobia”, verdadeiras paredes de papel que se tornam, para o sujeito, intransponíveis (Roudinesco and Plon, 1998, p. 244).
Segundo (Vargas, Oliveira & Ribeiro apud Gurfinkel, in Fobia, 2001), o medo e a angustia são os principais elementos característicos da fobia, a qual ocorre pelo recalcamento que se dar na formação de símbolos. Ele ressalta, ainda, que estes símbolos são escolhidos pelo paciente depois de um evento traumático, pois, assim, ele pode retirar da consciência uma representação indesejável e transformá-la em uma representação fraca, mudando o seu afeto para outro objeto.
FOBIA SOCIAL
A psicopatologia denominada pela psicanálise clássica como histeria de angustia e posteriormente chamada fobia social é, hoje, caracterizada como Transtorno de Ansiedade Social (TAS).
É uma doença de curso crônico, potencialmente incapacitante e com alto índice de comorbidades. Ou seja, a associação a essa patologia de pelo menos mais outra doença num mesmo paciente.
Até os anos 60 essa psicopatologia era agrupada a outros transtornos fóbicos e foi o psiquiatra Isaac Marks quem propôs que a fobia social fosse entendida e classificada como uma categoria distinta das demais fobias. Então, na década de 80 a referida foi reconhecida pela Associação Americana de Psiquiatria (APA) e passou a fazer parte, oficialmente, da terceira edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais DSM (DSM- III) (FURMARK, 2000).
Entretanto era descrita como ansiedade relacionada às atividades de falar, urinar, comer ou escrever na frente de outras pessoas.
Em 1994 na edição do DSM (DSM-IV) foi introduzida uma nova nomenclatura, Transtorno de Ansiedade Social (TAS), visando dar ênfase aos prejuízos ocasionados pela doença. Destacando, portanto, o medo persistente de uma ou mais condições de exposição a situações de avaliação por outra(s) pessoa(s), acompanhado do temor de comportar-se de maneira embaraçosa.
Mas, em 2002, na ultima edição do DSM (DSM-IV-R) foi caracterizada como o medo acentuado e persistente de situações ou de desempenho nas quais o individuo poderia sentir vergonha, de parecer ridículo, de dizer tolice, de ser observado pelas outras pessoas, de interagir com pessoas estranhas ou do sexo oposto, de ser o centro das atenções, de beber ou escrever em público, de falar ao telefone e usar banheiros públicos.
Se para a pessoa acometida dessa patologia for inevitável uma exposição pública e consequentemente à interação com outras pessoas (especialmente em numero limitado), bem como sentir-se observada, então apresenta grande sofrimento que se caracteriza como ansiedade, a qual se mostra através das palpitações, sudorese, tremores, desconforto gastrointestinal, diarreia, tensão muscular, rubor facial e confusão (MANUAL..., 2002).
De acordo com Lucas (Terapias psicológicas, 2010 in, www.escolapsicologia. com, p.20) são frequentemente considerados dois tipos de fobia social:
• A ansiedade social generalizada, isto é, o medo de qualquer comunicação ou relação social;
• A Ansiedade social específica que surge apenas em determinadas situações (por exemplo, falar em público).
A classificação da CID (CID-10) considera que os sintomas da fobia social surgem em geral na adolescência, entre 11 e 15 anos, e está frequentemente associada à baixa autoestima e ao medo da avaliação negativa por parte dos outros, provocando comportamento de esquiva e até mesmo isolamento social completo. Destaca que na fobia social o medo está relacionado à interação em pequenos grupos e não de estar junto de muitas pessoas, como ocorre em outros transtornos de ansiedade (OMS, 1993).
O (a) adolescente fóbico (a) vive em estado de isolamento, evitando festas, paqueras e sente medo de ser convocado (a) por professores para apresentar trabalhos para o grupo, ou mesmo para chamadas orais. O que o (a) aterroriza é a possibilidade de interação.
Mas já existem evidências (Rev. Bras. Psiquiatria, 2000) de que a fobia social pode aparecer mais cedo, em crianças. Há relatos de “desconforto em inúmeras situações: falar em sala de aula, comer na cantina (próximo a outras crianças), ir a festas, escrever na frente de outros colegas, usar banheiros públicos, dirigir a palavra a figuras de autoridade como professores e treinadores, além de conversas/brincadeiras com outras crianças. Nessas situações, comumente há a presença de sintomas físicos como: palpitações, tremores, calafrios e calores súbitos, sudorese e náusea”.
Uma constatação (Rev. Bras. Psiquiatria, 2000) é que as crianças e/ou adolescentes com fobia social são propensas a comorbidade, em especial com a depressão, a qual pode está relacionada ao sofrimento que o transtorno traz. Pesquisadores têm percebido que na ausência desta comorbidade a fobia social raramente é tratada por profissionais da saúde mental.
Neste caso ela pode ser identificada quando um (a) paciente busca tratamento por outro problema, demonstrando embaraço, vergonha e outros estados afetivos. Neste sentido, o (a) psicanalista necessita está sintonizado (a) com estes afetos, visando à formação de uma aliança terapêutica.
Será necessário explorar as fantasias, as representações (internalizadas em função das relações objetais, como por exemplo, a severidade extrema de um (a) pai/mãe, situações de bulling, etc.), e ajudar o (a) paciente a perceber que nem sempre o que ele/ela acha que o (a) outro (a) está pensando ou achando a respeito dele/dela corresponde à realidade.
O (a) psicanalista deve manejar a resistência do (a) paciente ao tratamento da fobia social, pois essa pode (não sendo tratada adequadamente) levar o (a) individuo/pessoa ao distanciamento social. Ou seja, ele/ela pode evitar ir, por exemplo, a escola, ao trabalho, etc., tornando-o (a) incapaz.
SISTEMA ACADÊMICO BRASILEIRO
Antes falar da fobia social como fator de interferência no desempenho acadêmico faz-se necessário um recorte sobre o Sistema Acadêmico Brasileiro, como um todo, de maneira que seja compreendido e se possa situar a questão acadêmica no contexto que corresponde ao que se deseja observar, ou seja, a correlação entre fobia social e desempenho acadêmico. Para tanto se escolheu uma revisão acerca do tema, na Web, como suporte de pesquisa bibliográfica acerca dos estudos já realizados no Brasil, que tratam do tema em análise, através do site www.scielo.org. Especialmente por acreditar-se ser este bem representativo no âmbito das publicações de artigos científicos no Brasil. Portanto mais confiável e bem abrangente. O que cria uma zona de conforto acerca da revisão literária.




Níveis Acadêmicos, conforme a LDB (Lei de Diretrizes e Bases) 9394/96.
[art. 21 e art. 44]
EDUCAÇÃO ESCOLAR
EDUCAÇÃO BÁSICA

EDUCAÇÃO SUPERIOR Educação Infantil Graduação

Ensino Fundamental Aperfeiçoamento e Especialização

Ensino Médio Mestrado
Doutorado
Esse estudo tem foco na Educação Básica. Em função disto serão enfatizadas as características dos seguintes níveis:
Educação Infantil [art. 30]
A Educação Infantil começa na Creche, ou entidade similar, de 0 a 3 anos e depois é complementada na Pré-escola até os seis anos de idade, visando o desenvolvimento como um todo; físico, social, psicológico e cognitivo.
Ensino Fundamental [art. 32]
Hoje, este nível se configura em nove anos, sendo que até o quinto ano o aluno deverá ter desenvolvido e complementado as competências e habilidades exigidas no processo de alfabetização, sabendo, por exemplo, ler e escrever com proficiência, resolver problemas aritméticos envolvendo as quatro operações e etc. Nos outros anos as competências e habilidades são aprimoradas e outras vão sendo incorporadas ao referido nível.
Ensino Médio [art. 35]
Fase final da educação básica, o Ensino Médio deverá ter duração mínima de três anos. Poderá ser profissionalizante ou propedêutico, isto é, visando à preparação para os vestibulares.
Educação de Jovens e Adultos [Art. 37]

A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria.
Educação Especial [Art. 58]

Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para aluno (a)s portadores (as) de necessidades especiais, sendo também oferecidas atividades de habilidades específicas a cada dificuldade, em salas apropriadas, chamadas de multi meio ou salas de recursos.
Ainda sobre o Sistema Acadêmico Brasileiro, considera-se relevante fazer alguns recortes das Diretrizes Nacionais que norteiam o Ensino e Aprendizagem, em especial à Educação Básica.
Está claro em todos os documentos do MEC, especialmente os PCN`s ( Parâmetros Curriculares Nacionais), os RECEI`s (Referenciais Curriculares da Educação Infantil) que abordam o assunto, seja de forma direta ou indireta, que a Educação Brasileira, especialmente a Básica, se fundamenta na atualidade, pelo menos em tese, nos quatro pilares da UNESCO: Aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a ser e aprender a conviver.
A despeito de toda problemática sócio- histórica, econômica, política, etc., que subjaz a este modelo de educação relacionado ao pós- modernismo, tido pelos críticos como neoliberalista, também muito centrado no trabalho e no capital, é bem verdade que em todos os pilares está presente à figura do (a) aprendiz como o centro do processo de ensino e aprendizagem, pelo menos teoricamente.
Em primeiro lugar o (a) professor (a), supostamente, deixa o papel de dono (a), senhor (a) absoluto (a), do saber e assume uma postura de mediador (a), de fomentador (a) do conhecimento, levando o (a) aluno (a) a busca-lo, ele (a) mesmo (a), com base nas estratégias metodológicas sugeridas pelo (a) educador (a), a exemplo das pesquisas.
Esse (a) educador (a) necessita, neste modelo, dominar o objeto conceitual (conteúdos), conhecer o (a) aprendiz (saber o que já sabe e o que necessita aprender) e também a metodologia de resolução de problemas, incluindo todas as estratégias inerentes à referida metodologia, assim como ter em mente conceitos relacionados à Teoria de Aprendizagem Significativa, para poder trazer para a Escola conceitos que atendam as necessidades do alunado, de forma a considerar o que já sabem e usar isto para aprenderem o que não sabem. Ou seja, contextualizar o processo de Ensino e Aprendizagem em conformidade com a realidade do sujeito da aprendizagem. Todo foco sai do (a) professor (a) para esse sujeito e sua realidade social. Pois, conforme o Art. 22. Da LDB vigente, “a educação básica tem por finalidades desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores”.
Por outro lado esse (a) aprendiz deverá usar o que aprendeu para se sair bem no fazer, ou seja, precisará desenvolver a autonomia intelectual.
Até ai, tudo bem! É possível que o (a) aluno (a), sujeito (a) da aprendizagem interaja menos com outras pessoas. Mas o quarto pilar convida ao convívio, à interação com parceiros ou parceiras tanto os mais quanto os menos experientes. Portanto os outros dois pilares já são, na gênese, um convite ao trabalho em grupo para que se consolide o terceiro e o quarto.Os dois primeiros pilares asseguram a aquisição do conhecimento e a técnica, enquanto os outros dois apontam para o relacionamento e convívio social. Todos são distintos porém interdependentes.
Em resumo, dada à pluralidade de ideias e teorias que se relacionam com este modelo, podemos visualizar uma concepção de educação centrada principalmente em quatro autores que norteiam a concepção de Educação Sócio - Construtivista – Interacionista.
Numa ponta visualiza-se um convite à adoção e compreensão das ideias de Paulo Freire, filósofo brasileiro. O desprezar da consciência ingênua que se contrapõe à consciência critica. Neste sentido é preciso que o (a) educador (a), seja comprometido (a) com a educação, seja um (a) pesquisador (a) e possua senso crítico, para poder levar o (a) aluno (a) a pensar sobre o objeto conceitual, suas representações, as relações sociais, econômicas, políticas, históricas e etc., a ele estritamente relacionado.
Numa outra ponta configura-se o modelo construtivista advindo dos estudos de Piaget, suíço, biólogo, um dos mais importantes pensadores do século passado, estudioso da Epistemologia Genética, ou gênese do conhecimento. Para ele é próprio de todo sistema vivo procurar o equilíbrio que lhe permite a adaptação. Nesse processo de desenvolvimento são essenciais as ações do sujeito sobre os objetos, construindo novas estruturas mentais que cumpram o papel de permitir um conhecimento objetivo dos diversos elementos presentes na natureza e na cultura.
Jean Piaget não compartilha da ideia de que as relações sociais sempre favorecem o desenvolvimento. Para ele, é necessário fazer uma clara distinção entre dois tipos de relação social: a coação e a cooperação. A coação social é toda relação entre dois ou mais indivíduos na qual intervém um elemento de autoridade ou de prestígio. Verifica-se que o indivíduo coagido tem pouca participação racional na atividade.
Piaget considera a criança como construtora de seu conhecimento de forma individual. Mas esta individualidade é muito mais no âmbito sensório motor, quando a criança pequena tem extrema dificuldade em se colocar no ponto de vista do outro, fato que a impede de estabelecer relações de reciprocidade. A criança alcançará o que Piaget denomina de personalidade no estágio das operações formais e ressalta que aquele (a) que consegue agrupar-se com os semelhantes, trabalhando em cooperação, já no nível operatório, alcança melhor nível de aprendizagem, pois o processo de equilibração, neste estágio pode ser influenciado pelas relações sociais.
Em tese esta teoria permite uma compreensão de que a aprendizagem pode se dá na relação individual do (a) aprendiz. Ou seja, ele/ela não necessitaria da presença de outras pessoas para aprender, a não ser alguém para fazer mediação, questionamentos, oferecer recursos, etc.
Entretanto este mesmo modelo de educação centra-se também no terceiro e no quarto pilar (aprender a ser e aprender a conviver), consecutivamente, os quais remetem na essência ao conceito de Inteligência Emocional, sendo o primeiro voltado para a inteligência intra e o outro para a inter, ou seja, o aluno (a) necessita aprender a ser, gostar se si mesmo (a), valorizar-se, compreender suas limitações e suas competências, explorar suas potencialidades, descobrir e aceitar suas fragilidades, em todos os níveis. Também necessita aprender a conviver com as outras pessoas, valorizar o (a)s outro (a)s, como seres capazes, desenvolver senso de justiça, de respeito às regras estabelecidas, de solidariedade, de cooperação, valores morais, regras sociais, enfim desenvolver a ética e saber conviver, principalmente em grupo.
Outros dois teóricos muito conhecidos no cenário educacional brasileiro, Vigotsky e Wallon (pesquisadores da psicogênese, diferentemente de Paulo Freire que analisa a educação como um ato político) dão um caráter interacionista ao Processo de Ensino e Aprendizagem, assim como Piaget, mas com características distintas.
Para Vygotsky (russo, importante pensador acerca do desenvolvimento intelectual) o trabalho coletivo, cooperativo, está no centro de todas as suas discussões teóricas, pois ele considera que a aprendizagem se dá na interação com o (a) outro (a), nas relações sociais, ao contrário de Piaget.
Sua obra atribui às relações sociais papel preponderante no desenvolvimento da aprendizagem, de tal maneira que seus constructos deram base a corrente pedagógica que se originou de seu pensamento, a qual é chamada socioconstrutivismo ou sóciointeracionismo e que fundamenta a educação brasileira contemporânea.
Ainda falando de bases teóricas que subjazem, fundamentalmente, no Ensino Básico e com mais especificidade para a Educação Infantil, tem-se em Wallon (médico francês, estudioso de como se dá a aprendizagem) o primeiro pensador a considerar não só o aspecto físico da criança, mas, principalmente as emoções, no contexto escolar.
Para Wallon a afetividade, o movimento, a inteligência e a formação do eu como pessoa são elementos que se comunicam entre si e determinam o sucesso ou insucesso da aprendizagem. Ou seja, para que haja aprendizagem satisfatória é necessário que se tenha um ambiente social afetivamente favorável, que possibilite o desenvolvimento integral do sujeito da aprendizagem.
Neste contexto, as emoções exercem fundamental papel no desenvolvimento humano. É por meio das emoções que o (a) aluno (a) exterioriza desejos e vontades.
As emoções, para Wallon, têm papel preponderante no desenvolvimento da pessoa. É por meio delas que o (a) aluno (a) exterioriza seus desejos e vontades. Em geral são manifestações que expressam um universo importante e perceptível, mas pouco estimulado pelos modelos tradicionais de ensino.
II- FOBIA SOCIAL COMO FATOR DE INTERFERENCIA NO DESEMPENHO ACADEMICO: Uma revisão
OBJETIVO E MÉTODO
Este objetivou a realização de uma pesquisa bibliográfica da literatura acerca de estudos que correlacionem a fobia social com desempenho acadêmico, ou seja, se há interferência da fobia social no desempenho acadêmico, principalmente em crianças e adolescentes, publicados em português e mais voltados para a realidade educacional brasileira.
Foi realizada uma busca bibliográfica pela internet através do site www.scielo.org, visando encontrar estudos de correlação entre fobia social e desempenho acadêmico, disponíveis no referido site. Tendo sido usadas as palavras-chave: fobia social, interferência, desempenho acadêmico, crianças e adolescentes, Brasil. Além de revisão bibliográfica acerca do conceito de fobia social e funcionamento do sistema brasileiro de educação.
Os artigos localizados nas bases de dados do www.scielo.org e aqueles citados nas publicações avaliadas e considerados relevantes também foram incluídos, totalizando sete estudos.
RESULTADO E DISCUSSÃO
A priori buscamos estudos mais gerais e num desses localizamos, uma pesquisa de Gustavo J. Fonseca D’El Rey e Carla Alessandra Pacini, Psicologia, 2006, sobre Terapia cognitivo - comportamental da fobia social. Verificamos neste estudo que Beck, Emery e Greenberg (1985); Stopa e Clark (1993); Taylor, Woody, Koch, McLean, Patterson e Anderson (1997), que considera que “o fóbico social apresenta falhas no processamento cognitivo, que tende a distorcer a avaliação de suas experiências interpessoais. Ele mantém pensamentos patologicamente negativos acerca de si mesmo, suas experiências e seu futuro; seletivamente procura evidências para reafirmar sua visão negativa, reforçando suas crenças e mantendo os sintomas cognitivos, comportamentais e fisiológicos. Os erros sistemáticos do processamento cognitivo levam à manutenção dos pensamentos distorcidos do paciente, apesar das evidências em contrário”.
Ainda nesse estudo, Beck, Emery and Greenberg (1985); Lucock and Salkovskis (1988) propõem a existência de uma falha no processamento da informação nos indivíduos com fobia social, pois eles interpretam as situações sociais como mais ameaçadoras do que realmente o são.
Levando em conta tais constatações começamos a perceber a interferência da fobia social no desempenho acadêmico de forma negativa. Pois o (a) aluno (a) que apresenta as características citadas pelos autores terá, em tese, baixo rendimento em função da falha no processamento de informação, assim como nos processos cognitivos, como um todo. O que gera, por si só, falha na aprendizagem. Isto por ser da cognição a responsabilidade, entre outras funções, pela gênese do conhecimento.
Outro estudo também não especifico, “Uma diferenciação entre timidez e fobia social”, Olivares, 2002, sobre a confusão teórica entre timidez e fobia social. Ele diz que “ambas são antiadaptativas no que se refere a compreender o comportamento do sujeito na sociedade”. Afirma que “a timidez ocasiona uma deteriorização das relações sociais em 13% dos casos, enquanto a fobia causa certa diminuição no rendimento escolar”.
Neste estudo a evidência quantitativa de deteriorização evidencia-se mais na timidez, fator que interfere nas relações sociais. No que se refere a desempenho acadêmico apenas nota-se que o autor coloca apenas como “uma certa diminuição do rendimento escolar”, ou seja, não é enfático.
Foi localizado um estudo de autoria de D’EL REY, PACINI, CHAVIRA, 2006, intitulado FOBIA SOCIAL EM AMOSTRA DE ADOLESCENTES, in estudos de Psicologia, vol.11, Nº 001, PP.111-114. O qual “relata a prevalência e o impacto na escolaridade da fobia social em uma amostra de adolescente de São Paulo, SP, Brasil. O inventário de Fobia Social (SPIN) foi administrado em 116 estudantes de 5ª, 6ª, 7ª e 8ª séries de ambos os sexos. A prevalência da Fobia social foi de 7,8% na amostra de adolescência, com maior incidência entre estudantes do sexo feminino, com idade entre 12 e 15 anos. O impacto negativo na escolaridade foi grande, aproximadamente 89% por cento dos adolescentes com fobia social repetiram o ano na escola ao menos uma vez”.
Duas características importantes a serem observadas e melhores elucidadas em função do resultado desse estudo. Em primeiro lugar, o que estaria por traz da incidência d fobia social em numero maior entre o sexo feminino? Segundo, o que a Escola está fazendo que não está percebendo o que pode está ocasionando repetência entre os alunos, em especial os adolescentes?
A FOBIA SOCIAL COMO FATOR LIMITANTE DA APRENDIZAGEM NO CONTEXTO ESCOLAR foi outro estudo localizado. De autoria de MATOS, COSTA and GOMES, apresentado no 4º Congresso Internacional De Educação Pesquisa e Gestão, 2012. O referido artigo “trata de um ensaio teórico, o qual traz à discussão a fobia social presente no contexto escolar” buscando estratégias alternativas de apoio aos estudantes de tal transtorno. Buscando ainda conscientizar as pessoas envolvidas com a educação de que a fobia social é um transtorno caracterizado por ansiedade intensa gerada quando o estudante é submetido à situação de exposição publica ou quando necessita passar por um processo de avaliação. O estudo mostrou que compreender minimamente as dificuldades de aprendizagem que tal transtorno pode acarretar na vida dos estudantes e que o mesmo pode ser tratado são fatores que podem contribuir para amenizar a suas consequências.
Esse estudo se mostra bem mais avançado, pois já aponta caminhos para minimizar os efeitos desastrosos da fobia social no meio acadêmico.
Outro estudo denominado “Práticas parentais educativas, fobia social e rendimento acadêmico em adolescentes”, desenvolvido por MATOS and CAMACHO, o qual objetivou a investigação da relação existente entre práticas parentais educativas, fobia social e rendimento acadêmico em adolescentes. 285 sujeitos participaram do estudo, sendo 146 meninas e 139 rapazes, com idades compreendidas entre 12 e 14 anos, que frequentam o 7º e 8º ano de escolaridade. Verificou-se uma maior incidência da fobia social no gênero feminino e igualmente, que os jovens a quem os pais dão autonomia e carinho, têm tendência a ter um melhor rendimento acadêmico, bem como uma menor predisposição para apresentar fobia social. Os jovens que recebem proteção por parte dos pais têm tendência para apresentar sintomas de fobia social, e pior rendimento acadêmico.
Outro estudo apontando para sexo feminino como mais propenso á fobia social. O que subjaz a esta constatação? O estudo também suscita um caráter diferente e traz à tona a afetividade familiar como fator minimizador do índice de fobia social e consequentemente de baixo rendimento acadêmico.
Localizamos também um estudo de prevalência em duas escolas em Porto Alegre, de autoria de FERNANDES and TERRA, denominado “Fobia Social - estudo de prevalência em duas escolas de Porto Alegre”, com 525 alunos dos ensinos fundamental e médio de ambos os sexos, em uma escola pública e uma escola particular, o qual conclui que”os sintomas compatíveis com o diagnostico de fobia social são prevalentes em adolescentes e, em virtude de seu curso crônico, podem causar sérios prejuízos nestes indivíduos. Neste estudo, não foi possível correlacionar fobia social com repetência escolar.
Esse estudo, apesar de realizado com alunos, em escolas diferentes e perspectivas econômicas também diferentes, apenas confere um caráter geral de prejuízos que a fobia social causa em adolescentes, mas sem especificar quais.


CONCLUSÕES
“O indivíduo é social não como resultado de circunstâncias externas, mas em virtude de uma necessidade interna”.
(Henri Wallon)


Avaliando os estudos revisados chegamos a conclusão que estes ainda são incipientes no sentido de afirmarmos, com plena convicção, de que a fobia social interfere no desempenho acadêmico. Isto porque acreditamos serem necessários estudos mais investigativos, tanto atitudinal, quanto longitudinal, em todos os níveis do sistema educacional brasileiro, pois estes por si so não são muito conclusivos. A não ser àquele que demonstra que 89% por cento dos adolescentes com fobia social repetiram o ano na escola ao menos uma vez”.
Entretanto os estudos serviram para abrir possibilidades de pesquisas, não só de desempenho mas também da busca de causas para a incidência de fobia social no sexo feminino.
Por outro lado, um nível que não foi citado em nenhum momento corresponde a Educação de Jovens e adultos. Isto nos chamou a atenção e nos deixou famintos de saber nesta área. Pois estes são alunos que depois de muitos anos, com a autoestima destroçada, retomam ao convívio escolar. Neste processo se matriculam e abandonam as escolas por muitas vezes. O que acontece com eles? Qual a motivação intrínseca negativa que os levam à desistência?
O mesmo não se deu com alunos (as) especiais e também àqueles que apresentam dificuldades de aprendizagem, das mais diversas. Cremos que temos ai muitos campos a serem considerados.
Por outro lado é bom lembramos-nos da correlação entre fobia social e o atual modelo de educação brasileira que exige que o aluno trabalhe em grupos, que se exponha que se coloque e que se apresente até mesmo como forma de avaliação.







FERERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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VILALOBOS, João Eduardo Rodrigues. Diretrizes e bases da educação: ensino e liberdade. São Paulo: EDUSP, 1969.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Você conhece Lia Lufty? As vezes penso que ela fala de mim, ou sobre mim. Me perco e me encontro em seu mágico amontoado de palavras, cheio de sentidos.

“A palavra “liberdade” teria de ser mais presente, porém é mais convidada a discretamente afastar-se e permitir que em seu lugar assuma o comando alguma subalterna: tolerância, resignação, doação, adaptação”.







“Quem não me conhece e me julga, pelos meus livros, um ser distante ou sombrio, engana-se: vive em mim uma incorrigível otimista que acredita em ser feliz. Em renovação, em superação, em sobrevivência - não como resto e destroço, mas como um ser a cada fase inteiro

Campina Grande, querida [...]cidade que me amou e me acolheu.Nunca me afastarei de te, mesmo muito distante um dia!


domingo, 7 de outubro de 2012

Para Lacan amar é dar o que não se tem, mas para mim, quem melhor define o amor é Caio Fernando Abreu


Quero te dar chuva de flores pela manhã. E quando quiseres podes vir colher sorrisos direto do quintal da minha alma. Nunca há de te faltar afeto. E se murchar tua alegria, podes vir buscar uma muda no meu jardim para que a tua floresça outra vez. Se te faltar o vento, eu te sopro carinho. E se te faltarem as cores do dia, a gente pinta tudinho com tons de felicidade. Lá do alto, não te deixarei olhar para baixo e mesmo que escorregues de uma nuvem molhada, eu não te soltarei a mão, não te deixarei cair.
[...]
(Caio Fernando Abreu)

sábado, 29 de setembro de 2012

UM POEMA PARA CAMPINA GRANDE NA PRIMAVERA, QUANDO ELA FICA LINDA E MÁGICA. PODERIA FICAR AINDA MELHOR, SE CADA PESSOINHA DA CIDADE PLANTASSE UM IPÊ.

QUE MARAVILHA!CAMPINA GRANDE NA PRIMAVERA




QUANDO FLORA O IPÊ

Como é bonito ver o ipê que flora,
Pelo cerrado no mês de agosto.
Com tanta seca, tanto cinza exposto
E tanta aridez pelo campo afora,

O Amarelo-Roxo, abre, revigora
Feito um doce alento a bater no rosto
Como se Deus ali tivesse posto
Um sopro de vida, num mundo que chora.

Olhando o cerrado, penso agora em mim!
Ando distorcido, ando tão descrente
Como há muito tempo, não me via assim.

Mas minha cabeça, esperançosa vê,
Que no meio de tudo in-sis-ten-te-men-te
…Flora lá bem longe…um pequenino ipê…


Jenário de Fátima
http://www.culturalivre.net/2007/08/16/quando-flora-o-ipe/

FRASES QUE CURTO